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A vida das palavras

Updated: Sep 10, 2018

por Silvia Lobo


Qual o tempo de vida das palavras?


Sabemos que podem viver e morrer, mas também serem suprimidas, proibidas, resgatadas e esquecidas. Podem entrar e sair de moda, ser mais e menos elegantes, chulas e sofisticadas.


Palavras podem dizer alguma coisa e podem não dizer nada. Podem ser cheias e vazias, discretas e barulhentas. Podem ser ofensivas e afetivas, fortalecer amizades, fidelidades, vínculos e podem ser destrutivas. Surpreendem.


Palavras podem ser profundas, criar significados, ampliá-los, acessar espaços nunca antes pensados. Permitem ver. Iluminam. Abrem acessos, constroem escadas, pontes, mundos. Libertam.


Palavras encobrem, escondem, embaralham, alteram fatos e afetos. Aproximam e afastam. Destroem confianças, amores, esperanças. Mentem.


Palavras instauram a hesitação, a ambiguidade, a intriga. Constrangem, humilham. Oprimem.


Palavras são exiladas, proibidas, desautorizadas. Exilam. Autorizam.


Palavras ferem, magoam, extinguem o tempo e o fazem existir. Aliviam, acalentam, curam. Recordam.


Palavras instalam mistérios, compõem músicas, produzem sons que assustam, encantam e trazem dúvidas. Dão asas, fazem voar, abrem buracos. Afundam.


Palavras tem status, classe social, poder aquisitivo. Entram em alguns lugares, jamais em outros. Fecham bocas e invalidam livros, filmes, histórias. Matam.


Palavras amigas e inimigas irrigam o solo onde humanamente pisamos. Exigem respeito.


Que possamos saber usá-las…

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