por Silvia Lobo
Qual o tempo de vida das palavras?
Sabemos que podem viver e morrer, mas também serem suprimidas, proibidas, resgatadas e esquecidas. Podem entrar e sair de moda, ser mais e menos elegantes, chulas e sofisticadas.
Palavras podem dizer alguma coisa e podem não dizer nada. Podem ser cheias e vazias, discretas e barulhentas. Podem ser ofensivas e afetivas, fortalecer amizades, fidelidades, vÃnculos e podem ser destrutivas. Surpreendem.
Palavras podem ser profundas, criar significados, ampliá-los, acessar espaços nunca antes pensados. Permitem ver. Iluminam. Abrem acessos, constroem escadas, pontes, mundos. Libertam.
Palavras encobrem, escondem, embaralham, alteram fatos e afetos. Aproximam e afastam. Destroem confianças, amores, esperanças. Mentem.
Palavras instauram a hesitação, a ambiguidade, a intriga. Constrangem, humilham. Oprimem.
Palavras são exiladas, proibidas, desautorizadas. Exilam. Autorizam.
Palavras ferem, magoam, extinguem o tempo e o fazem existir. Aliviam, acalentam, curam. Recordam.
Palavras instalam mistérios, compõem músicas, produzem sons que assustam, encantam e trazem dúvidas. Dão asas, fazem voar, abrem buracos. Afundam.
Palavras tem status, classe social, poder aquisitivo. Entram em alguns lugares, jamais em outros. Fecham bocas e invalidam livros, filmes, histórias. Matam.
Palavras amigas e inimigas irrigam o solo onde humanamente pisamos. Exigem respeito.
Que possamos saber usá-las…